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quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Campinos em Festa II – Parte 3/5: Crianças Toureiam Cães Durante "Espectáculo" Autorizado pela IGAC

No dia 26 de Novembro de 2023 realizou-se na praça de touros de Coruche um “espectáculo tauromáquico” de “variedades taurinas” que foi autorizado, dirigido e eventualmente fiscalizado pela IGAC – Inspecção Geral das Actividades Culturais.

Embora não fazendo parte do cartaz, foi permitido que crianças entrassem na arena para fazerem umas brincadeiras parvas com um cão.




Estas crianças “brincaram” aos toureiros recorrendo “apenas” a capotes, mas a IGAC não devia ter permitido que um cão fosse colocado na arena e que acontecessem estas cenas tão tristes. 

Como se não bastasse estas crianças, bem como outras da mesma idade, terem assistido às cenas de violência inerentes à lide dos bovinos, quando a ONU já recomendou, mais que uma vez, a Portugal que afaste os menores de 18 anos de idade da tauromaquia, é natural que se tenha passado a mensagem de que se podem "tourear" canídeos. Isto é gravíssimo, tendo em conta que é provável que muitas das crianças que assistiram ao evento Campinos em Festa II tenham cães, enquanto animais de companhia. 

Esperemos que estas crianças não venham a tourear os seus cães nas suas casas, com uma imitação de toureio a pé, recorrendo a mantas e eventualmente também a facas. 

Campinos em Festa II – Parte 2/5: O sofrimento dos Animais e Alguns dos Incumprimentos Evidentes

No dia 26 de Novembro de 2023, realizou-se na praça de touros de Corche um “espectáculo tauromáquico” de “variedades taurinas”, que incluiu actos particularmente cruéis. 

Os “artistas” intervenientes no “espectáculo” foram campinos a tentar imitar toureiros, mas que revelaram falta de prática no toureio a pé e a cavalo, e ainda outros campinos a exibirem-se também, fazendo algo perfeitamente desnecessário que faz lembrar a “sorte de varas” em Espanha, “sorte” esta que é expressamente proibida em Portugal.

As imagens que se seguem revelam bem a crueldade que esteve patente ao longo do referido evento:





















Atentando nas imagens, vemos cavalos com expressões de dor como raramente vimos em touradas (por exemplo naqueles que têm os olhos muito abertos e a boca aberta com o lábio superior muito elevado). E vemos bovinos com ferragens cravadas em diversas partes sensíveis dos seus corpos (onde calhou), ou caídos na arena, ou até a serem espetados com varas compridas, só porque sim.  

No vídeo que se segue, vêem-se maus tratos inqualificáveis a um jovem bovino. É visível e audível o pânico e o sofrimento da vítima. Como se tudo não fosse suficientemente mau, no final da pega o rabejador continua a puxar, sem dó nem piedade, o rabo do Animal, num momento em que já não há nenhuma razão “válida” para o fazer (note-se que a função do rabejador é permitir que os outros elementos de um grupo de forcados abandonem a arena em segurança, o que já tinha acontecido, sem haver nada que possa ser apresentado como justificação para a atitude deste rabejador).  


(Actualização: Vídeo disponível em https://www.facebook.com/antitouradas/videos/1586976835443341/

Incumprimentos e Potenciais Incumprimentos Revelados por estas Imagens:

1. As varas compridas que foram espetadas nos bovinos, durante a exibição de campinos a cavalo, não fazem parte da ferragem permitida nos "espectáculos tauromáquicos" que têm lugar no nosso País. Segundo algumas interpretações, poderia até ser licita a utilização dessas varas por campinos na condução dos bovinos da arena para os curros. Porém, não se trata de se terem utilizado varas para a condução de bovinos, mas sim de uma exibição durante a qual houve lances de varas no cachaço e até mais atrás. O que se passou na arena da praça de touros de Coruche no que toca ao uso das varas compridas pode ser equiparado à sorte de varas. A sorte de varas é expressamente proibida em Portugal. Uma proposta de criação de uma excepção que permitisse “espectáculos tauromáquicos com sorte de varas” na Região Autónoma dos Açores (Portugal) foi até rejeitada por intermédio de um Acórdão do Tribunal Constitucional de 18 de Dezembro de 2002, processo n.º 705/2002. Em Portugal, o Código Civil já considera os Animais como seres vivos dotados de sensibilidade e merecedores de protecção jurídica, deixando de ser admitidos abusos para com eles por parte, inclusive, dos respectivos proprietários. É absolutamente inadmissível o que se passou neste contexto no decorrer do "espectáculo tauromáquico" Campinos em Festa II.  

Não deve ser por acaso que entre dezenas de pessoas e sítios tauromáquicos que publicaram imagens do evento, apenas um sítio tauromáquico publicou imagens das "varadas". Algumas pessoas justificaram até que mais fotos teriam para publicar, se não houvesse condicionantes (e.,g. "Temos muitas fotos para publicar, mas não podemos publicar todas porque há censura (...)"). 

2. Ao visualizarem-se não só muitas fotos e o vídeo acima publicado, como também este outro vídeo (https://www.facebook.com/soletoiros/videos/194753793692027), que inclui imagens da envolvente da arena e da bancada, não se vê em lado nenhum a presença de bombeiros na praça de touros! Terão sido dispensados? Se sim, o espectáculo tauromáquico em causa devia ter sido cancelado.   

3. Foi ainda permitido, após a entrada do público na praça, que um cão fosse levado para a arena e acossado por crianças (imagens em Campinos em Festa II – Parte 3/5: Crianças Toureiam Cães Durante "Espectáculo" Autorizado pela IGAC), algo que não estava anunciado e levanta algumas questões. 

Fica a questão sobre se os delegados técnicos da IGAC deram permissão para que todas estas lamentáveis cenas descritas tenham tido lugar no evento em causa, com especial ênfase para a referida no ponto 1 (com incumprimentos demasiado evidentes). Acreditamos que isso possa eventualmente ter acontecido, visto que há provas de que, noutros espectáculos tauromáquicos, a IGAC não cumpriu devidamente as suas funções (vide, por exemplo, ponto 1 de https://mgranti-touradas.blogspot.com/2023/09/ciber-accao-tauromaquia-denunciapedidos.html e o terceiro, quarto e quinto parágrafos de https://mgranti-touradas.blogspot.com/2022/08/accao-de-envio-de-mensagens-por-e-mail.html).  

Neste “espectáculo tauromáquico” Campinos em Festa II, de 2023, cujo preço dos bilhetes foi de 10 varadas (!), a pretexto da angariação de dinheiro para um Campino, atacaram-se Animais sem dó nem piedade e sem se cumprirem sequer normas elementares, conforme se pode perceber pelo acima exposto. Porém, nós é que fomos acusados de atacar previamente o evento, conforme se pode perceber em Campinos em Festa II – Parte 5/5: O Ataque.

Campinos em Festa II (2023) – Parte 1/5: Antecedentes

No dia 13 de Agosto de 2022, durante uma perseguição a cavalo a uma novilha, um campino de 45 anos sofreu uma queda que lhe provocou lesões graves


Tudo aconteceu durante uma das iniciativas que fizeram parte das Festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo, em Coruche. Estas foram organizadas de forma tripartida pela Comissão de Festas de Coruche, pela Irmandade de Nossa Senhora do Castelo e pela Câmara Municipal de Coruche, conforme se pode confirmar no site deste município

Na sequência da mencionada queda, que envolveu um cavalo, uma novilha e o campino, este continua a precisar de tratamentos médicos, que são caros. Só que, aparentemente, ou os organizadores das festas em apreço não tinham um seguro que incluísse o campino (Daniel), ou, se tinham tal seguro, este não era o ideal e não cobre todos os tratamentos necessários, ou, por algum motivo válido, a seguradora recusou-se a colaborar. 

Ora, perante este quadro, os familiares e amigos do Daniel, com o objectivo de reunirem as verbas necessárias para os tratamentos, têm organizado alguns eventos. Entre estes, conta-se um “espectáculo tauromáquico” realizado o mês passado (Campinos em Festa II, em 26 de Novembro de 2023), com campinos a imitarem toureiros, infligindo todo o tipo de maus-tratos a jovens bovinos, ficando a dúvida sobre se este paradoxal evento não terá sido, acima de tudo, uma boa desculpa para que alguns campinos se exibissem a maltratar Animais numa praça de touros.