sábado, 24 de fevereiro de 2024

Viana do Castelo conclui reconversão de antiga praça de touros em multiusos desportivo


A Câmara de Viana do Castelo anunciou esta sexta-feira a conclusão da empreitada de reconversão da antiga praça de touros em complexo desportivo, iniciada em 2021, num investimento próximo de cinco milhões de euros.

A obra, que ascendeu a 4.894.362 euros, permitiu transformar os 3.800 metros quadrados e cerca de 65 metros de diâmetro da antiga arena “numa estrutura multifunções para servir o desporto e os jovens, apta para a prática de várias modalidades em simultâneo como ginástica, esgrima, patinagem artística, hóquei em patins e basquetebol”.

O piso 0 da antiga praça de touros, desativada desde 2009, ano em que a cidade se declarou anti- touradas, “conta agora com áreas comerciais, com acesso pelo exterior e independentes do edifício principal, receção, secretaria e administração, balneários, salas de treino/aquecimento, área de ginástica rítmica e artística/campo de jogos, área de ginástica de trampolins e saltos, campo de jogos e área técnica.

No primeiro piso da Praça Viana foi construída uma bancada com 240 lugares, sala de troféus, restaurante, bar, cozinha e instalações sanitárias públicas.

De acordo com a memória descritiva do projeto, a reconversão da antiga praça de touros foi executada “tendo como base o edifício existente e mantendo as caraterísticas arquitetónicas ao nível da fachada exterior e volumetria”.

A “forma, a implantação, e a estrutura principal do edifício atual foi mantida, mas a função adaptada m nova vertente desportiva”.

A reconversão da antiga praça de touros está integrada no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), candidatado a fundos comunitários do Portugal 2020. A Praça Viana é gerida pela Escola Desportiva de Viana (EDV), em regime de comodato assinado, em 2021, entre a autarquia e a coletividade que conta atualmente com 1.300 atletas. A obra foi contestada, nos tribunais, pela Federação Portuguesa de Tauromaquia (Pro Toiro) para travar “a demolição da antiga praça de toiros”.

A Praça Viana agora concluída vai integrar a futura Cidade Desportiva que o município pretende criar. Trata-se de “um corredor verde desportivo entre a Praça Viana e o complexo desportivo Manuela Machado, com infraestruturas de desporto e lazer”

Em Jornal Vilaverdense, 23 de Fevereiro de 2024,

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Pausa nas Redes Sociais: Informação

Estamos a fazer uma pausa nas Redes Sociais. Pareceu-nos preferível desactivar temporariamente a página no Facebook do que termos a mesma online e não estarmos a prestar atenção a tudo o que se vai passando por lá.

O nosso trabalho pela abolição da tauromaquia não está suspenso, muito pelo contrário. 

Os nossos agradecimentos às pessoas que vieram aqui procurar informações sobre a nossa ausência.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Campinos em Festa II – Parte 5/5: O Ataque

No dia 26 de Novembro de 2023 realizou-se na praça de touros de Coruche um “espectáculo tauromáquico” de “variedades taurinas”, recheado de incumprimentos e actos particularmente cruéis

Tal como fazemos sempre que nos parece que há a mínima possibilidade de conseguirmos o cancelamento de um evento tauromáquico, tentámos que este evento fosse cancelado. Contactámos, uns dias antes, algumas entidades oficiais por mensagem privada (a maioria das vezes, não fazemos este tipo de contactos por carta aberta, nem pedimos a terceiros para se juntarem). O escrito que enviámos em privado, e que só hoje publicámos (porque acabámos, entretanto, por entender que o devíamos fazer), pode ser consultado aqui: Campinos em Festa II – Parte 4/5: Tentativa de Cancelamento por parte de Marinhenses Anti-touradas

Ora, desta vez, ao contrário de outras, algo nos leva a crer que alguma das entidades que recebeu a nossa missiva (da qual não tínhamos, até hoje, dado conhecimento a mais ninguém), passou, sem o nosso consentimento, informações para a comunicação social.

Um site tauromáquico, cujos autores não tinham como adivinhar que tentámos que este evento em concreto fosse cancelado, escreveu o seguinte artigo, de uma falta de rigor inqualificável, do qual juntamos capturas de ecrã.  


Respondendo às principais acusações que nos foram feitas no artigo do mencionado site:

Sim, tentámos que o evento fosse cancelado, mas sem que o campino ficasse prejudicado. Com efeito, pedimos à Câmara Municipal de Coruche (uma das organizadoras do evento de 2022 no qual o campino se lesionou) para fazer um donativo ao próprio, em vez de apoiar o evento de 2023 em questão. Se isto se pode considerar “atacar”, nem sabemos o que chamar ao que viriam a fazer aos jovens bovinos que foram obrigados a participar no “espectáculo”, esses, sim, atacados no decorrer do mesmo.

É possível que tenham sido enviados “inúmeros e-mails para diversas entidades questionado a legalidade do evento, bem como a sua fundamentação”, pois a contestação à tauromaquia é enorme. Mas, desta vez, ao contrário do que se pode infererir da leitura de um artigo Touro e Ouro, nós não pedimos mesmo a ninguém para enviar e-mails (e nem sequer nos foi dado conhecimento desses envios).

Quanto à afirmação “O grupo anti-taurino “Marinhenses Anti-Touradas”, cujos rostos ninguém parece conhecer (…)”, não somos um grupo anti-taurino mas uma organização anti-touradas, e não andamos nisto para ficarmos conhecidos, pelo que não é habitual publicarmos fotos nossas nas redes sociais. 

Como é natural, não frequentamos propriamente os mesmos locais que os defensores das touradas frequentam. Ainda assim, temo-nos cruzado com pessoas defensoras da tauromaquia nalgumas ocasiões. Tal aconteceu, por exemplo, algumas vezes na Assembleia da República, numa das quais um ganadeiro nos fez um gesto ameaçador à distância. Vimos sempre por lá elementos da Protoiro, mas ninguém do Touro e Ouro. 

Em 2013, estivemos na bancada da Fundação Champalimaud a assistir a um Prós e Contras, onde estiveram igualmente os autores do Touro e Ouro, mas não tínhamos nada para lhes dizer. Por acaso, nesse dia, e por nossa iniciativa, até falámos com elementos da Protoiro. 

Talvez os autores do Touro e Ouro tenham passado perto de nós nalgumas manifestações junto a praças de touros, pois já estivemos em inúmeros protestos deste tipo, tendo havido anos em que não falhámos um único. Só que em todos estes eventos, na verdade, nem sempre estivemos identificados (com cartazes, faixas ou camisolas), pois raramente estamos identificados sem que nos seja especificamente sugerido/pedido pelos organizadores dos mesmos.

Porém, há imagens nossas, onde estamos identificados como “Marinhenses Anti-touradas” em vários Jornais, como, por exemplo, no JN, que até inseriu uma foto que nos tirou numa capa. Ora, se os nossos nomes não são propriamente conhecidos, o mesmo não se pode dizer de alguns dos rostos. 

Apenas os rostos e nomes dos elementos dos Marinhenses Anti-touradas que administram as páginas da organização nas redes sociais não são, efectivamente, conhecidos. É que, há uns anos, aconteceu algo demasiado grave (que optámos por não tornar público), e esses administradores passaram a ser exclusivamente pessoas que nunca nos representaram nem nos vão representar em lado nenhum. Esta foi a forma que encontrámos de poder continuar a trabalhar com um mínimo de condições de segurança. 

De resto, não é difícil de perceber esta protecção voltada exclusivamente para quem faz as publicações e comentários em nome da organização Marinhenses Anti-touradas nas redes sociais. Basta atentar nalgumas mensagens e comentários que tiveram origem na publicação de incentivo ao ódio feita no Facebook do Touro e Ouro. 

É isto:

Texto do artigo Touro e Ouro para o qual remete a publicação Touro e Ouro no Facebook:
"O grupo anti-taurino 'Marinhenses Anti-touradas' cujos rostos ninguém parece conhecer (...) está a atacar o evento campinos em festa (...)" (texto completo disponível mais acima, clicando na primeira e segunda imagens). 

Mensagem que recebemos em privado (de alguém que também comentou na referida publicação):

  • "só a tiro"


Comentários à publicação de incentivo ao ódio feita no Facebook do Touro e Ouro:
  • "gentalha que não faz falta à humanidade"
  • "saíam com as orelhas bem aviadas"
  • "Peguem nos de caras!"
  • "mas será que não acontece nada a estes porcos!!" e "vara de marmeleiro" 
  • "Eram bem corridos..." a murro, pontapé e cabeçadas (assim entendemos) 
  • "um toiro para largar a essa gente parasita" 
  • "umas farpas curtas ou não"
  • "Meter esses anti-taurinos no campo junto aos touros a ver a resistência deles" e "verdade"
  • "Só á VARADA"
  • "ate quando temos k aguentar estes ranhosos"
  • "Torcidados era pouco"
  • "um touro bravo para os marrar"
  • "só a tiro"
  • "Soltai-lhe um touro"
  • "uma sova à antiga"
  • "porradinha"
  • "Porrada porrada" 

Campinos em Festa II – Parte 4/5: Tentativa de Cancelamento por parte de Marinhenses Anti-touradas

No dia 26 de Novembro de 2023 realizou-se na praça de touros de Coruche um “espectáculo tauromáquico” de “variedades taurinas”, cujos actos particularmente cruéis que incorporou eram previsíveis.  

Tentámos que este evento fosse cancelado, mas que fosse feito pela Câmara Municipal de Coruche um donativo para os tratamentos do Campino que estava a ser indicado como beneficiário do evento. 

Para que não restem dúvidas sobre o que tentámos fazer, publicamos agora, embora cerca de um mês depois, pela primeira vez, a mensagem que enviámos para diversas entidades.  


Mensagem enviada pela organização Marinhenses Anti-touradas

Assunto: Espectáculo tauromáquico de variedades taurinas de 26 de Novembro de 2023, e outro (anunciado para 25 de Novembro de 2023)

De: Marinhenses Anti-touradas marinhenses.antitouradas@gmail.com

Data: 22 de novembro de 2023 às 08:00

Para: 

Autoridade Tributária e Aduaneira

Inspecção Geral das Finanças – Autoridade de Auditoria

IGAC – Inspecção Geral das Actividades Culturais 

GNR – SEPNA

Câmara Municipal de Coruche

Exmos. Srs.,

EVENTO 1

Está a ser anunciado, para nova data, já não para dia 14 de Outubro de 2023 mas agora para dia 26 de Novembro de 2023, às 16:00, um espectáculo tauromáquico de variedades taurinas para decorrer na praça de touros de Coruche (e.g., http://farpasblogue.blogspot.com/2023/11/campinos-em-festa-festejo-solidario-no.html [1] e https://www.facebook.com/fabio.patricio.129/posts/pfbid02cpDT4zjmp1ngvEWDitwjwV5sbGMcrjxaAFQjwDPYzxnEbEYHqzeHSNCWEmFEVLNfl?locale=pt_PT [2a e 2b]).

No cartaz não se percebe quem é o promotor do referido espectáculo, nem qual a categoria da praça (se é que está indicada). Ademais, não existe menção sobre quais as ganadarias que vão fornecer as reses. E aparece algo a dizer 10 varadas, que esperamos que não queira dizer que os Animais vão levar varadas (https://www.facebook.com/campinosemfesta/posts/pfbid025rh3WTrvoivpHtcaXVpejjekjD24WrzgqerSZmJN7F1CPiSncE4SH1FQ9wWcwu65l [3]), já que, embora tratando-se de algo que não é permitido se não for estritamente necessário na condução dos bovinos, tem vindo a acontecer, nos últimos anos, como parte integrante do espectáculo em alguns eventos em praças touros (e.g., https://www.facebook.com/photo.php?fbid=146776708484146&set=pb.100094554520475.-2207520000&type=3&locale=pt_PT [4]; https://www.facebook.com/photo?fbid=146776808484136&set=pb.100094554520475.-2207520000&locale=pt_PT [5] e https://www.facebook.com/photo?fbid=146776755150808&set=pcb.146776851817465&locale=pt_PT [6]).

No que se refere aos bilhetes, importa ter presente que os bilhetes para os espectáculos de natureza artística devem ser numerados sequencialmente ou conter o número e a categoria do lugar. Porém, como se pode constatar olhando para fotos exibidas nas redes sociais, os bilhetes para o espectáculo tauromáquico em causa não cumprem esse requisito. Além disso, não têm nem a classificação etária nem um preço numa moeda existente (e.g. https://www.facebook.com/campinosemfesta/posts/pfbid0FHwgn26eTj4nJNPS7TbnvhbZhysAxzDURnwvWNHbx8pyS88WP5QmubZ82QZCouzol [7]; https://www.facebook.com/nelson.soares.906/posts/pfbid0ecjH1he41pQaE12bGvwvsTModL5b3YinzRH4pacPb1jRPpGVxJfziUACDKWAYWyhl [8] e https://www.facebook.com/photo/?fbid=2518629908306473&set=a.282040748632078 [9]). Os mesmos estão a ser anunciados por várias pessoas singulares e diversos estabelecimentos por 10 Varadas, embora haja notícias nos media que nos dão conta de que custarão 10 Euros cada (e.g., https://irisfm.pt/2023/09/26/campinos-unem-se-para-ajudar-daniel-silva-em-coruche/ [10]).

Acreditamos que a IGAC não vai autorizar o espectáculo, que a Inspeção-Geral de Finanças ou a Autoridade Tributária e Aduaneira não permitirão a realização deste espectáculo público cujos bilhetes não cumprem requisitos básicos e têm um custo expresso em “varadas” (quando custam euros), e que, se a intenção de realização do evento avançar, o SEPNA o impedirá, por falta das devidas autorizações e/ou outros incumprimentos que comprometam nomeadamente o bem-estar animal. 

Sendo sensíveis à questão de que existe um campino que precisa dinheiro para tratamentos na sequência de uma queda durante uma picaria decorrida em 2022, pedimos à Câmara Municipal de Coruche que, em vez de ser alegadamente apoiante do evento “Campinos em Festa II 2023”, faça um donativo generoso ao malogrado campino. 

Caso este evento se realize, teremos alguém na bancada e denunciaremos todos os incumprimentos que presenciarmos. Mas esperamos que este paradoxal e estranho espectáculo seja definitivamente cancelado, pois não pode valer tudo, nem quando o argumento é a beneficência.

EVENTO 2

Aproveitamos para denunciar uma Garraiada que está a ser anunciada para dia 25 de Novembro, às 15:00, na Praça de Touros de Arruda dos Vinhos, com a menção 3 barretes, cujo promotor é, aparentemente, o Grupo de Forcados Amadores de Arruda dos Vinhos (https://www.facebook.com/forcadosdearruda/posts/pfbid02nAE3N58M9aAJRvw9TuBNUs9SmEXGJztoMKdvkiPh2qe1M2Fgsqm1Tb3dU2UppXtrl [11]).

Agradecendo a atenção dispensada,

Com os melhores cumprimentos,

Marinhenses Anti-touradas

P.S. Se algum link não funcionar, queiram por favor ver o correspondente ficheiro em anexo


Anexo:










+ 3 PDFs

Campinos em Festa II – Parte 3/5: Crianças Toureiam Cães Durante "Espectáculo" Autorizado pela IGAC

No dia 26 de Novembro de 2023 realizou-se na praça de touros de Coruche um “espectáculo tauromáquico” de “variedades taurinas” que foi autorizado, dirigido e eventualmente fiscalizado pela IGAC – Inspecção Geral das Actividades Culturais.

Embora não fazendo parte do cartaz, foi permitido que crianças entrassem na arena para fazerem umas brincadeiras parvas com um cão.




Estas crianças “brincaram” aos toureiros recorrendo “apenas” a capotes, mas a IGAC não devia ter permitido que um cão fosse colocado na arena e que acontecessem estas cenas tão tristes. 

Como se não bastasse estas crianças, bem como outras da mesma idade, terem assistido às cenas de violência inerentes à lide dos bovinos, quando a ONU já recomendou, mais que uma vez, a Portugal que afaste os menores de 18 anos de idade da tauromaquia, é natural que se tenha passado a mensagem de que se podem "tourear" canídeos. Isto é gravíssimo, tendo em conta que é provável que muitas das crianças que assistiram ao evento Campinos em Festa II tenham cães, enquanto animais de companhia. 

Esperemos que estas crianças não venham a tourear os seus cães nas suas casas, com uma imitação de toureio a pé, recorrendo a mantas e eventualmente também a facas. 

Campinos em Festa II – Parte 2/5: O sofrimento dos Animais e Alguns dos Incumprimentos Evidentes

No dia 26 de Novembro de 2023, realizou-se na praça de touros de Corche um “espectáculo tauromáquico” de “variedades taurinas”, que incluiu actos particularmente cruéis. 

Os “artistas” intervenientes no “espectáculo” foram campinos a tentar imitar toureiros, mas que revelaram falta de prática no toureio a pé e a cavalo, e ainda outros campinos a exibirem-se também, fazendo algo perfeitamente desnecessário que faz lembrar a “sorte de varas” em Espanha, “sorte” esta que é expressamente proibida em Portugal.

As imagens que se seguem revelam bem a crueldade que esteve patente ao longo do referido evento:





















Atentando nas imagens, vemos cavalos com expressões de dor como raramente vimos em touradas (por exemplo naqueles que têm os olhos muito abertos e a boca aberta com o lábio superior muito elevado). E vemos bovinos com ferragens cravadas em diversas partes sensíveis dos seus corpos (onde calhou), ou caídos na arena, ou até a serem espetados com varas compridas, só porque sim.  

No vídeo que se segue, vêem-se maus tratos inqualificáveis a um jovem bovino. É visível e audível o pânico e o sofrimento da vítima. Como se tudo não fosse suficientemente mau, no final da pega o rabejador continua a puxar, sem dó nem piedade, o rabo do Animal, num momento em que já não há nenhuma razão “válida” para o fazer (note-se que a função do rabejador é permitir que os outros elementos de um grupo de forcados abandonem a arena em segurança, o que já tinha acontecido, sem haver nada que possa ser apresentado como justificação para a atitude deste rabejador).  


(Actualização: Vídeo disponível em https://www.facebook.com/antitouradas/videos/1586976835443341/

Incumprimentos e Potenciais Incumprimentos Revelados por estas Imagens:

1. As varas compridas que foram espetadas nos bovinos, durante a exibição de campinos a cavalo, não fazem parte da ferragem permitida nos "espectáculos tauromáquicos" que têm lugar no nosso País. Segundo algumas interpretações, poderia até ser licita a utilização dessas varas por campinos na condução dos bovinos da arena para os curros. Porém, não se trata de se terem utilizado varas para a condução de bovinos, mas sim de uma exibição durante a qual houve lances de varas no cachaço e até mais atrás. O que se passou na arena da praça de touros de Coruche no que toca ao uso das varas compridas pode ser equiparado à sorte de varas. A sorte de varas é expressamente proibida em Portugal. Uma proposta de criação de uma excepção que permitisse “espectáculos tauromáquicos com sorte de varas” na Região Autónoma dos Açores (Portugal) foi até rejeitada por intermédio de um Acórdão do Tribunal Constitucional de 18 de Dezembro de 2002, processo n.º 705/2002. Em Portugal, o Código Civil já considera os Animais como seres vivos dotados de sensibilidade e merecedores de protecção jurídica, deixando de ser admitidos abusos para com eles por parte, inclusive, dos respectivos proprietários. É absolutamente inadmissível o que se passou neste contexto no decorrer do "espectáculo tauromáquico" Campinos em Festa II.  

Não deve ser por acaso que entre dezenas de pessoas e sítios tauromáquicos que publicaram imagens do evento, apenas um sítio tauromáquico publicou imagens das "varadas". Algumas pessoas justificaram até que mais fotos teriam para publicar, se não houvesse condicionantes (e.,g. "Temos muitas fotos para publicar, mas não podemos publicar todas porque há censura (...)"). 

2. Ao visualizarem-se não só muitas fotos e o vídeo acima publicado, como também este outro vídeo (https://www.facebook.com/soletoiros/videos/194753793692027), que inclui imagens da envolvente da arena e da bancada, não se vê em lado nenhum a presença de bombeiros na praça de touros! Terão sido dispensados? Se sim, o espectáculo tauromáquico em causa devia ter sido cancelado.   

3. Foi ainda permitido, após a entrada do público na praça, que um cão fosse levado para a arena e acossado por crianças (imagens em Campinos em Festa II – Parte 3/5: Crianças Toureiam Cães Durante "Espectáculo" Autorizado pela IGAC), algo que não estava anunciado e levanta algumas questões. 

Fica a questão sobre se os delegados técnicos da IGAC deram permissão para que todas estas lamentáveis cenas descritas tenham tido lugar no evento em causa, com especial ênfase para a referida no ponto 1 (com incumprimentos demasiado evidentes). Acreditamos que isso possa eventualmente ter acontecido, visto que há provas de que, noutros espectáculos tauromáquicos, a IGAC não cumpriu devidamente as suas funções (vide, por exemplo, ponto 1 de https://mgranti-touradas.blogspot.com/2023/09/ciber-accao-tauromaquia-denunciapedidos.html e o terceiro, quarto e quinto parágrafos de https://mgranti-touradas.blogspot.com/2022/08/accao-de-envio-de-mensagens-por-e-mail.html).  

Neste “espectáculo tauromáquico” Campinos em Festa II, de 2023, cujo preço dos bilhetes foi de 10 varadas (!), a pretexto da angariação de dinheiro para um Campino, atacaram-se Animais sem dó nem piedade e sem se cumprirem sequer normas elementares, conforme se pode perceber pelo acima exposto. Porém, nós é que fomos acusados de atacar previamente o evento, conforme se pode perceber em Campinos em Festa II – Parte 5/5: O Ataque.