= Presidente da República Convidado para mais uma Tourada. Participe e Partilhe =
Escreva ao Senhor Presidente da República. Agradeça a Sua Excelência por não ter marcado presença numa tourada (que foi transmitida pela TVI) para a qual havia sido formalmente convidado. Peça-lhe para declinar mais um convite para uma outra tourada (que vai ser transmitida pela RTP). Envie, via e-mail, o seu próprio texto ou o da mensagem abaixo sugerida (copiar - colar - escrever nome no final - enviar)
Para: belem@presidencia.pt
Cc.: marinhenses.antitouradas@gmail.com
Assunto: Tauromaquia
(ou outro que ache apropriado)
-------------- Mensagem sugerida --------------
Excelentíssimo Senhor Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa,
Digníssimo Presidente da República Portuguesa:
Excelência,
Os meus respeitosos cumprimentos.
Venho, por este meio, agradecer a Vossa Excelência por ter declinado um convite para assistir a uma tourada no Campo Pequeno no passado dia 18 de Agosto (http://naturales-tauromaquia.blogspot.pt/2017/03/rui-bento-convida-presidente-da.html, http://farpasblogue.blogspot.pt/2017/08/a-praca-esgotou-e-sua-excelencia-faltou.html) e apelar para que, enquanto for Presidente da República, não aceite qualquer outro convite do género.
Ainda que a tauromaquia possa ser considerada como parte integrante da cultura e tradições portuguesas, não deixa de ser uma actividade cruel para com os animais, sendo inegavelmente causadora de muita controvérsia e de uma muito expressiva repulsa social, em Portugal e no Mundo. Perante um tema sempre tão polémico, que tanto divide os/as Portugueses/as, parece-me, pois, sensato que qualquer Presidente da República se abstenha de participar quer em eventos anti-tauromáquicos quer em eventos tauromáquicos, independentemente de se identificar mais com os de um ou de outro tipo.
Reiterando os meus agradecimentos, reforço o meu apelo para que Vossa Excelência não marque presença em touradas, seja na que está agendada para 12 de Outubro no Campo Pequeno (http://www.dn.pt/sociedade/interior/estas-manifestacoes-contra-as-touradas-sao-ilegais-8712239.html) ou em qualquer outra.
Agradecendo antecipadamente a atenção de Vossa Excelência,
Atentamente,
(Nome)
(Localidade)
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
Marcação a Fogo e à Navalhada dos “Bovinos de Lide”: A Ferra e os Cortes nas Orelhas
A ferra é um acto bárbaro que se continua a utilizar no processo de identificação dos animais. A tradição em Portugal ordena que equinos e bovinos sejam ferrados a fogo. A sede de sangue leva a que se aproveite o momento da ferra para se mutilarem as orelhas dos bovinos de lide.
Em Portugal, a marcação dos bovinos de lide funciona assim:
1. Imobilização – Por uma das formas seguintes (1.1, 1.2 ou 1.3)
1.1. Alguns rapazes e/ou homens agarram o animal pelas orelhas ou pelas ilhargas e derrubam-no. Regra geral, são-lhe amarradas as pernas.
É demasiado evidente que a forma violenta como a vítima é derrubada e imobilizada lhe causa dores e stress. Os momentos que antecedem o derrube não são menos stressantes, conforme se pode perceber pela visualização/audição do vídeo de 56 segundos que se segue.
1.2. O indivíduo é imobilizado numa jaula, vulgarmente designada por caixão da ferra, sendo a sua cabeça presa numa abertura de uma portinhola.
Fica com o lado esquerdo do corpo encostado a uma das laterais, preso por duas cordas ou por correntes amarradas no tronco, sendo ainda agarrado pelo rabo.
1.3. Por vezes, é dispensada a jaula e opta-se por um outro tipo de estrutura.
2. Marcação com Ferros em Brasa ou em Chama
São feitas as seguintes marcações, todas elas do lado direito:
2.1. Coxa - Ferro da ganadaria que tem as iniciais do ganadeiro ou o brasão de família;
2.2. Costado - Número de registo;
2.3. Espádua - Último algarismo do ano (ganadeiro) de nascimento;
2.4. Pescoço - Letra “P” – ferro da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide –, em Portugal Continental; ou letra “P” e/ou letra “A” – ferro da Associação Regional de Criadores de Tourada à Corda –, nos Açores ;
2.5. Garupa – Mais uma marca, se a ganadaria portuguesa estiver também inscrita nalguma outra associação (estrangeira) de criadores touros de lide (se houver, por exemplo, um registo no Livro Genealógico Espanhol – o que é habitual).
Um bezerro cujo número de registo seja composto por 3 algarismos fica com 6 a 8 queimaduras em poucos minutos! Nenhum outro animal é marcado com mais ferros do que um indivíduo destinado a ser toureado numa qualquer praça.
No vídeo de apenas 58 segundos que segue pode perceber-se o sofrimento associado à marcação com ferros em brasa/chama.
3. Cortes nas Orelhas - Um Extra Muito frequente
Aproveitando a imobilização do animal, não é raro que se façam vários cortes nas orelhas com uma lâmina. São amputadas partes de orelhas ou feitos rasgos, que chegam a dividir orelhas em duas partes. O intuito (dizem) é as marcas serem uma espécie de assinatura, que difere de ganadaria para ganadaria.
Na imagem seguinte, vê-se um homem com uma navalha ensanguentada na mão, durante uma curta pausa entre golpes.
No vídeo de apenas 5 segundos que se segue vê-se um homem a fazer cortes nas orelhas de um bezerro imobilizado no chão.
Também estas marcas nas orelhas ficam para sempre, conforme se pode constatar pela visualização das duas fotos que se seguem.
4. Dores e Infecções
Quer a marcação com os ferros em brasa ou em chama (muitas vezes feita até por pessoas inexperientes), quer os rasgos/mutilação das orelhas, provocam dores muito intensas (por não ser utilizado qualquer tipo de sedação ou anestesia), bem como feridas, que acabam, não raras vezes, por infectar. Estes ferimentos atraem moscas e servem de depósito de ovos, que eclodem e libertam larvas. As larvas alimentam-se, durante vários dias, do tecido subcutâneo dos animais marcados, aumentando e aprofundando ainda mais as lesões.
5. Momento da Vida – Pior era Difícil!
Os animais são marcados por estes processos quando ainda são muito jovens, habitualmente entre os 7 e os 11 meses de idade. Regra geral, passam por estes momentos traumáticos num dia em que já estão particularmente assustados, por se tratar do dia em que foram, pela primeira vez, separados das suas mães. No caso dos machos, a separação entre estes e as respectivas mães é definitiva.
6. Época Escolhida
Em Portugal, a época Outubro-Março é a mais escolhida para a marcação de bovinos de lide, talvez porque as pessoas que estão ligadas à tauromaquia precisam de ver maus-tratos aos animais o ano inteiro e esta é uma época na qual praticamente não se realizam touradas de praça.
7. Dia de Ferra; Dia de Festa!
Assistem quase sempre muitos convidados e o ambiente é festivo. Exemplos: https://www.youtube.com/watch?v=ldQx0nmd7Tw, http://www.youtube.com/watch?v=WPMjAITr4XI.
[Texto: Marinhenses Anti-touradas (actualização do texto dos Marinhenses Anti-touradas da publicação de 20 de Junho de 2012)]
Em Portugal, a marcação dos bovinos de lide funciona assim:
1. Imobilização – Por uma das formas seguintes (1.1, 1.2 ou 1.3)
1.1. Alguns rapazes e/ou homens agarram o animal pelas orelhas ou pelas ilhargas e derrubam-no. Regra geral, são-lhe amarradas as pernas.
É demasiado evidente que a forma violenta como a vítima é derrubada e imobilizada lhe causa dores e stress. Os momentos que antecedem o derrube não são menos stressantes, conforme se pode perceber pela visualização/audição do vídeo de 56 segundos que se segue.
1.2. O indivíduo é imobilizado numa jaula, vulgarmente designada por caixão da ferra, sendo a sua cabeça presa numa abertura de uma portinhola.
Fica com o lado esquerdo do corpo encostado a uma das laterais, preso por duas cordas ou por correntes amarradas no tronco, sendo ainda agarrado pelo rabo.
1.3. Por vezes, é dispensada a jaula e opta-se por um outro tipo de estrutura.
São feitas as seguintes marcações, todas elas do lado direito:
2.1. Coxa - Ferro da ganadaria que tem as iniciais do ganadeiro ou o brasão de família;
2.2. Costado - Número de registo;
2.3. Espádua - Último algarismo do ano (ganadeiro) de nascimento;
2.4. Pescoço - Letra “P” – ferro da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide –, em Portugal Continental; ou letra “P” e/ou letra “A” – ferro da Associação Regional de Criadores de Tourada à Corda –, nos Açores ;
2.5. Garupa – Mais uma marca, se a ganadaria portuguesa estiver também inscrita nalguma outra associação (estrangeira) de criadores touros de lide (se houver, por exemplo, um registo no Livro Genealógico Espanhol – o que é habitual).
Um bezerro cujo número de registo seja composto por 3 algarismos fica com 6 a 8 queimaduras em poucos minutos! Nenhum outro animal é marcado com mais ferros do que um indivíduo destinado a ser toureado numa qualquer praça.
3. Cortes nas Orelhas - Um Extra Muito frequente
Aproveitando a imobilização do animal, não é raro que se façam vários cortes nas orelhas com uma lâmina. São amputadas partes de orelhas ou feitos rasgos, que chegam a dividir orelhas em duas partes. O intuito (dizem) é as marcas serem uma espécie de assinatura, que difere de ganadaria para ganadaria.
Na imagem seguinte, vê-se um homem com uma navalha ensanguentada na mão, durante uma curta pausa entre golpes.
No vídeo de apenas 5 segundos que se segue vê-se um homem a fazer cortes nas orelhas de um bezerro imobilizado no chão.
Também estas marcas nas orelhas ficam para sempre, conforme se pode constatar pela visualização das duas fotos que se seguem.
Foto: Blogue Quebra do Silêncio |
Foto: Blogue Contra a Tauromaquia em Portugal e no Mundo |
4. Dores e Infecções
Quer a marcação com os ferros em brasa ou em chama (muitas vezes feita até por pessoas inexperientes), quer os rasgos/mutilação das orelhas, provocam dores muito intensas (por não ser utilizado qualquer tipo de sedação ou anestesia), bem como feridas, que acabam, não raras vezes, por infectar. Estes ferimentos atraem moscas e servem de depósito de ovos, que eclodem e libertam larvas. As larvas alimentam-se, durante vários dias, do tecido subcutâneo dos animais marcados, aumentando e aprofundando ainda mais as lesões.
5. Momento da Vida – Pior era Difícil!
Os animais são marcados por estes processos quando ainda são muito jovens, habitualmente entre os 7 e os 11 meses de idade. Regra geral, passam por estes momentos traumáticos num dia em que já estão particularmente assustados, por se tratar do dia em que foram, pela primeira vez, separados das suas mães. No caso dos machos, a separação entre estes e as respectivas mães é definitiva.
6. Época Escolhida
Em Portugal, a época Outubro-Março é a mais escolhida para a marcação de bovinos de lide, talvez porque as pessoas que estão ligadas à tauromaquia precisam de ver maus-tratos aos animais o ano inteiro e esta é uma época na qual praticamente não se realizam touradas de praça.
7. Dia de Ferra; Dia de Festa!
Assistem quase sempre muitos convidados e o ambiente é festivo. Exemplos: https://www.youtube.com/watch?v=ldQx0nmd7Tw, http://www.youtube.com/watch?v=WPMjAITr4XI.
[Texto: Marinhenses Anti-touradas (actualização do texto dos Marinhenses Anti-touradas da publicação de 20 de Junho de 2012)]
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sábado, 12 de agosto de 2017
Envio de E-mails | Red Cross and Bullfighting / Cruz Vermelha e Touradas
⚠️👉 ATENÇÃO =
Está a ser anunciada uma tourada a favor da Cruz Vermelha de Safara e Sobral da Adiça!
Por favor, partilhe esta publicação e envie, por e-mail, de uma só vez, com texto em inglês e em português (colocando o seu nome no final de cada uma das versões), a mensagem abaixo sugerida, ou outra, para os endereços indicados.
A bullfight is being advertised for 19th August in support of the Safara and Sobral da Adiça branch of the Red Cross. Please act now.
----------▼▼▼▼----------
EN | PT
Subject/Assunto: Red Cross and Bullfighting / Cruz Vermelha e Touradas
To/Para:
pmaurer@icrc.org, mgirodblanc@icrc.org, mliard@icrc.org, sede@cruzvermelha.org.pt, pimentaraujo@cruzvermelha.org.pt, cvpsafarasobral@gmail.com, marinhenses.antitouradas@gmail.com
pmaurer@icrc.org, mgirodblanc@icrc.org, mliard@icrc.org, sede@cruzvermelha.org.pt, pimentaraujo@cruzvermelha.org.pt, cvpsafarasobral@gmail.com, marinhenses.antitouradas@gmail.com
[EN]
Dear All,
I am writing this e-mail on the issue of the association between the Portuguese Red Cross (PRC) and bullfighting.
Unfortunately, in Portugal bullfighting is still a common practice. In each of these sad events about six or seven bulls are humiliated and tortured almost to death (and often horses perish as well). Spears with barbs are thrusted forcefully into their backs, causing severe bleeding and internal damage. A very high level of physical and psychological pain is caused to the bulls. Hours later these innocent animals are then butchered, after a long period of painful agony.
Although it is still legal in some countries, bullfighting has become the target of huge and growing social protests. For ethical reasons, more and more organizations choose to distance themselves as much as possible from this cruel activity.
It is quite difficult to understand how a prestigious institution such as the Red Cross can be associated to such cruel activities practiced upon the animals. As a matter of fact, aside from the regular provision of ambulances and human means to eventually assist people actively involved in bullfighting, there are some branches of the Portuguese Red Cross who advertise, sell tickets for and/or accept money from the bullfighting events – red blood-stained money from innocent animals. Presently a bullfight is being advertised for 19th August in support of the Safara and Sobral da Adiça branch of the Red Cross. (https://www.facebook.com/1654651968081940/photos/a.1656277011252769.1073741828.1654651968081940/1909836992563435/?type=3&theater).
The Portuguese Red Cross admits there are branches that receive money from bullfights but states they are not the organizers, and thus undervalues the regular protests, from members and sympathizers, it receives.
In face of what has been said I would like to appeal to the Red Cross to dissociate itself as much as possible from performances based on animal abuse, namely by not allowing its denomination/logo to be used in bullfighting posters; by not advertising bullfights; and by not accepting blood-tainted money from bullfights.
Thanking you in advance for the kind attention devoted to this letter, I look forward to your kind reply, which I hope will be a positive one.
Best regards,
(Name, city, country)
(Name, city, country)
[PT]
Exmos./as. Srs./Sras.,
Escrevo-lhes a propósito da associação da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) à tauromaquia.
Infelizmente, em Portugal ainda se realizam touradas. Em cada uma delas, seis ou sete bovinos são humilhados e torturados quase até à morte (havendo também, frequentemente, cavalos que ficam feridos ou morrem). São-lhes cravados ferros que lhes provocam severas hemorragias. É-lhes provocado um elevado nível de sofrimento físico e psicológico. Horas depois, os inocentes animais são, na sua quase totalidade, abatidos, após um longo período de agonia.
Embora ainda legalmente permitida em alguns países, a tauromaquia tem vindo a ser alvo de uma enorme e crescente contestação social e, cada vez mais, a generalidade das organizações optam por se distanciar ao máximo desta cruel actvidade por razões de ordem ética.
É incompreensível que uma Instituição como a Cruz Vermelha se associe a estas práticas de crueldade sobre animais. Com efeito, além do frequente envio de ambulâncias e meios humanos para eventual socorro de pessoas envolvidas nos espectáculos tauromáquicos, há delegações da CVP que publicitam touradas, vendem bilhetes para touradas, e/ou aceitam dinheiro proveniente de touradas – dinheiro manchado de sangue de animais inocentes. De momento, está a ser anunciada, para 19 de Agosto, uma tourada a favor da Delegação da Cruz Vermelha de Safara e Sobral da Adiça (https://www.facebook.com/1654651968081940/photos/a.1656277011252769.1073741828.1654651968081940/1909836992563435/?type=3&theater).
A CVP reconhece que há delegações que recebem verbas provenientes de touradas, mas salienta que não é organizadora, e vai assim desvalorizando os protestos que, neste âmbito, lhe vão sendo dirigidos por sócios e simpatizantes.
Face ao exposto, apelo a V. Exas. para que a Cruz Vermelha se dissocie o mais possível de espectáculos de maus-tratos aos animais, nomeadamente não permitindo que a respectiva denominação/logótipo conste em cartazes de touradas, não publicitando touradas, nem recebendo verbas delas provenientes.
Agradecendo antecipadamente a atenção dispensada e ficando na expectativa de uma resposta a esta mensagem que espero que seja positiva,
Com os melhores cumprimentos,
(Nome, cidade, país)
Com os melhores cumprimentos,
(Nome, cidade, país)
quarta-feira, 9 de agosto de 2017
TVI Sem Touradas? – Pedido de Envio de E-mails
Depois de cinco anos consecutivos sem emitir ou apoiar touradas, a TVI está, esta semana, a passar publicidade a uma, com a menção “apoio TVI”. Não há certezas sobre se a pretende ou não transmitir, mas tendo em conta insinuações em blogues tauromáquicos, é possível que sim.
Por favor, actue já, enviando a mensagem abaixo sugerida (ou outra que lhe pareça apropriada) e partilhando/divulgando este apelo.
______________________
MENSAGEM SUGERIDA:
Para: relacoes.publicas@tvi.pt, sec.administracao@mediacapital.pt, comunicacion@prisa.com
Cc: marinhenses.antitouradas@gmail.com
Exmos. Srs.,
Escrevo-lhes a propósito do apoio da TVI à “Corrida 125 Anos Campo Pequeno”, que se realizará no dia 18 de Agosto. Trata-se de algo que me causa uma enorme tristeza e perplexidade.
Quando, em 2013, a TVI deixou de emitir e apoiar touradas, acreditei que o tinha feito, pelo menos em parte, devido a apelos como o meu e os de outros/as telespectadores/as e, acima de tudo, por razões de ordem ética. Foi uma medida que me deixou muito feliz, que me fez criar um vínculo afectivo muito forte com essa estação de televisão e que me fez acreditar que passaríamos a caminhar “lado a lado” para um mundo melhor.
Quatro anos depois, surge um apoio da TVI a uma tourada, mencionado num spot publicitário que tem vindo a ser difundido esta semana. Não sei ao certo de que tipo de apoio se trata, mas não posso deixar de expressar a minha reprovação pelo mesmo. E embora queira muito acreditar que a referida tourada não será televisionada, temo que isso possa vir a acontecer.
Na expectativa de que a TVI perceba que ao associar-se à tauromaquia está a inquietar um número muito significativo de Portugueses e Portuguesas e a contribuir para um abrandamento do progresso moral da sociedade portuguesa, fica o meu apelo para que deixe, de uma vez por todas, de apoiar a tauromaquia, e para que não transmita a “Corrida 125 Anos Campo Pequeno”, que, além de toda a habitual crueldade que encerrará, assinala mais de um século de violência extrema contra animais.
Com os melhores cumprimentos,
(Nome)
(Localidade)
(Nome)
(Localidade)
domingo, 6 de agosto de 2017
Garraiadas “de rua” – O Sofrimento dos Animais
Entre as várias actividades tauromáquicas que acontecem em
Portugal, contam-se as garraiadas. Uma grande parte destas (académicas ou não)
realiza-se em recintos improvisados e sem que se cravem ferros nos animais.
Talvez por isso, seja tão comum as pessoas menos informadas pensarem que,
quando assim é, estamos perante “uma brincadeira que se faz com os animais e
que em nada os prejudica”. Será assim?
A maioria dos bovinos utilizados nas garraiadas que se
realizam nos tais recintos improvisados e em que, habitualmente, não se cravam ferros, são muito jovens. Alguns são fêmeas que têm menos de 1 ano de idade, ou entre 1 a 2 anos. São seres algo frágeis, que
ainda têm os seus corpos em formação, ficando assim muito sujeitos a sofrerem lesões, e que sentem seguramente mais medo perante o que são obrigados experimentar do que se já tivessem mais idade. (Nalgumas garraiadas deste tipo, também se utilizam, por vezes, machos de idade inferior a 3 anos.)
O sofrimento dos animais vítimas deste tipo de garraiadas
está sempre presente na sua preparação para este tipo de eventos, no transporte de ida
e volta e respectivos períodos de espera, e durante a garraiada. Ficam algumas notas:
1. Preparação/Embolação
O sofrimento começa na captura e “preparação” das vítimas para esta actividade tauromáquica com intervenções que as enfraquecem. Uma destas intervenções é a embolação, que consiste na anulação do poder de perfuração pelos cornos, através do corte das respectivas pontas e da aplicação de materiais de revestimento.
Embolada para a garraiada de 5/8/2017 nas Figueiras, Marinha Grande |
No caso das garraiadas “de rua”, a embolação tem como única finalidade reduzir a probabilidade de as pessoas que “brincam” com estes seres se magoarem. Ainda assim, talvez com o intuito de fazer com que as pessoas que participam se sintam bravas, é habitual que a organização enfatize que não se responsabiliza por danos físicos (podem ouvir-se este tipo de advertências no vídeo seguinte, efectuado na garraiada de 5/08/2017 nas Figueiras, Marinha Grande).
A embolação é um processo que causa, muitas vezes, lesões na coluna vertebral dos bovinos. Quanto mais jovens forem os animais, maior a probabilidade de isso acontecer. E é um processo de tal modo stressante que é natural que alguns indivíduos morram de ataque cardíaco durante o mesmo. Mas em que consiste afinal exactamente a embolação? Conferir aqui s.f.f: http://mgranti-touradas.blogspot.pt/2012/07/embolacao.html
2. Transporte de ida e espera nos contentores de transporte
O transporte dos chamados “garraios” é feito dentro de exíguos contentores. Sendo estes animais criados em grandes extensões de terreno, em ambientes pouco barulhentos e nos quais pouco interagem com pessoas, é fácil de perceber que o transporte cause claustrofobia, pânico, acentuada perda de peso (que chega a ser de 10% do peso inicial) e desgaste.
Viagem de ida concluída, as vítimas das garraiadas que se realizam em recintos improvisados são ainda obrigadas a permanecer nas imediações dos mesmos, dentro dos contentores de transporte, durante horas, enquanto aguardam pela sua vez de servirem de brinquedo para alguns humanos. São horas em que mal se podem mover, passadas sob temperaturas como as que se registam nas tardes de Verão em Portugal.
Não é raro que, durante estes períodos de espera, os animais sejam picados ou levem choques eléctricos com varas preparadas para o efeito. Um dos pretensos objectivos do recurso a este tipo de varas é acalmar os animais quando os mesmos se começam a mexer demasiado (imagine-se!). Paradoxalmente, as mesmas varas também são utilizados quando se pretende que os animais saiam dos contentores.
Figueiras, Marinha Grande - 5/08/2017 |
3. A garraiada
O sofrimento prossegue no recinto improvisado com ludíbrio e maus-tratos infligidos às vítimas, que ficam assustadas, esgotadas anímica e fisicamente, e lesionadas (quando não até mesmo mortas). O nível de sofrimento depende de alguns factores, como o número de pessoas envolvidas e aquilo que fazem, que chega, nalguns casos, a incluir socos e pontapés.
Há garraiadas nas quais mais de uma dezena de pessoas se atira, em simultâneo, para cima dos animais, com todas as possíveis lesões daí decorrentes.
Há outros casos, em que aparece menos gente para “brincar” com os animais, o que não impede situações como eventual cegueira, resultante de uma simples pancada num olho. No vídeo que se segue, captado na garraiada de 5/08/2017 nas Figueiras, Marinha Grande, vê-se um dos dois únicos participantes humanos a subir um gradeamento e a dar um pontapé num dos animais que foram obrigados a participar. Não é difícil de perceber que tal pontapé quase atingiu um dos olhos da vítima.
Não é raro que se dêem fortes puxões na cauda dos jovens bovinos. E sendo a cauda composta por uma sequência de vértebras que se articulam umas com as outras e sendo também um prolongamento da coluna vertebral, tais puxões provocam muitas vezes luxação de vértebras, ruptura de ligamentos e de vasos sanguíneos, desconexões com o tronco e comprometimento da medula espinhal.
Puxão de cauda numa garraiada nas Cortes, Leiria
É um facto que nas garraiadas, sendo ou não utilizadas farpas, se inflige sofrimento físico e psicológico gratuito aos jovens animais que pode até culminar na morte, como aconteceu, por exemplo, durante uma garraiada académica em Vila Real, em que uma bezerra morreu por quebra de pescoço.4. O transporte dos animais vivos de volta
O sofrimento não deixa de estar presente na recolha, novo transporte, etc., havendo lesões que deixam marcas para o resto da vida.
5. “Garraios” como seres sencientes
É importante termos presente que os animais utilizados nas
garraiadas são seres sencientes. Quer isto dizer que são seres que têm
não só sensibilidade, como também consciência, tal como os animais ditos
humanos. Com
efeito, a moderna
investigação em neurociência removeu quaisquer dúvidas que pudessem existir
acerca da senciência de animais como as aves e os mamíferos (e.g. “bovinos de
lide”), tal como é evidenciado pela “The Cambridge Declaration on
Consciousness”, que foi assinada na Universidade de Cambridge em 2012 por um
grupo proeminente de neurocientistas cognitivos, neurofarmacologistas,
neurofisiologistas, neuroanatomistas e neurocientistas computacionais (vide
s.f.f. http://fcmconference.or g/img/CambridgeDeclarationOnCo nsciousness.pdf
Fará sentido desrespeitarmos os animais? Fará sentido o desrespeito chegar ao ponto de os obrigarmos a participar em actividades que visam apenas entreter-nos? Teremos todos/as a noção de que os animais que são obrigados a participar em garraiadas sentem dor, medo e ansiedade? Não haverá maneiras de entreter as pessoas sem prejudicar ninguém? Ficam estas questões para reflexão.
Fará sentido desrespeitarmos os animais? Fará sentido o desrespeito chegar ao ponto de os obrigarmos a participar em actividades que visam apenas entreter-nos? Teremos todos/as a noção de que os animais que são obrigados a participar em garraiadas sentem dor, medo e ansiedade? Não haverá maneiras de entreter as pessoas sem prejudicar ninguém? Ficam estas questões para reflexão.
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