Engrosse ainda mais o processo mais volumoso do Gabinete do Provedor do Telespectador da RTP: o que regista opiniões contra a transmissão de touradas.
▼▼▼▼▼ MENSAGEM
SUGERIDA ▼▼▼▼▼
Assunto:
Programa do Provedor / RTP e a tauromaquia – Críticas e Sugestões
Exmo.
Sr. Provedor,
Não
posso deixar de me manifestar a propósito do programa Voz do Cidadão emitido em
18 de Janeiro (http://www.rtp.pt/play/p1300/e141093/voz-do-cidadao). Considero muito
positivo o assunto “transmissão de touradas” ter merecido destaque e agradou-me
escutar que, entre o que de mais significativo chegou ao Gabinete do Provedor,
o processo mais volumoso é o que regista opiniões contra a transmissão de
touradas. Porém, embora acreditando nas boas intenções e neutralidade de V.
Exa., achei o programa tendencioso, com um descabido excerto a propósito das
escolas de tauromaquia que me pareceu não mais ter visado do que promovê-las, e
iníquo ao ponto de o tempo total das intervenções a favor da emissão de
touradas ter sido mais do triplo do das contrárias.
Aproveito esta ocasião para transmitir a V. Exa o meu sentir e pensar
sobre a postura da estação pública de televisão em relação à tauromaquia:
- A RTP deveria reger-se por uma ética que recusasse a emissão de
espectáculos que comportam violência real (e fomentam o exercício de violência
contra animais e pessoas). A Lei n.º 92/95 de 12-09 (na redação da Lei n.º 19/2002
de 21-07) proíbe expressamente “todas as violências injustificadas contra
animais (..) infligir a morte, o sofrimento cruel e prolongado ou graves lesões
a um animal” (art.º 1.º, n.º 1). E embora esta mesma lei excepcione
expressamente as touradas desta proibição, não o faz aduzindo que elas não são violentas
(nem o poderia fazer, tendo em conta que as touradas implicam a inflicção de
sofrimento cruel, intenso e prolongado a animais). Independentemente de as
touradas serem legalmente permitidas em praças de touros, o tipo de violência que
implicam deveria ser, para a RTP, um argumento com mais peso do que qualquer
outro (seja ele qual for) e determinar a sua não transmissão;
- A RTP deveria respeitar os muitos portugueses e as muitas portuguesas que,
tal como eu, sentem pela tauromaquia uma profunda repulsa - sentimento muito
mais forte do que um simples “não gostar” -, abstendo-se de emitir espectáculos
tauromáquicos;
- Sendo a tauromaquia um tema fracturante da sociedade portuguesa, a
RTP, enquanto televisão do Estado, jamais deveria envolver-se promocional, logística e financeiramente na
promoção, organização e exibição de touradas. Fazendo-o, deveria, no mínimo, ser
imparcial e proporcionar à defesa dos animais e à oposição às touradas o
mesmo apoio que presta à tauromaquia – mas nada disto acontece, numa televisão
em relação à qual, nem mesmo quem decidir boicotá-la por abominar touradas,
passa, por esse motivo, a ter direito à isenção de pagamento de contribuição
audiovisual.
Na expectativa de que V. Exa. considere este meu protesto provido de
razão, apresento os meus melhores cumprimentos,
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