O texto que se segue foi deixado em jeito de comentário a uma publicação deste blog e entendemos que merece este destaque:
Touros de morte
Uma praça opada de gente
a transpirar crueldade...
olhares sem résteas de pena
em tribunas engalanadas
lembrando arenas famosas
dos tempos da Roma antiga
manchadas da dor e sangue
de homens se degladiando
ferindo, morrendo ou matando
p’ra gáudio dos estupores.
“avé césar os que vão morrer te saúdam”
Capas, capotes, cavalos,
toureiros e picadores
gritos, aplausos, tambores...
soa bem alto a corneta
anunciando o começo
do espectáculo mundano.
Ouvem-se olés em delírio
e o lidador empolgado
crava no touro cansado
ferido e ensanguentado
outro par de bandarilhas
com enfeites coloridos
e pontas de tradição.
Tal com César, alguém,
baixa o polegar e então...
crava a adaga o carrasco
numa golpada fatal.
Soam mais alto os aplausos
de gente sem coração...
toca a fanfarra e há vivas
chapeus e lenços pelo ar...
tomba por terra sem vida
um belo e nobre animal.
Enquanto se arrasta o touro
p’la praça municipal;
lançam-se flores inocentes
como trofeus premiando
os pseudo heróis que, ufanos,
desfilam pomposamente
no palco do sacrifício.
Soam mais vivas e palmas
e assim termina o espectáculo
deprimente e obsceno
que certa gente defende
ser nobre e ser cultural.
Albertino Galvão
olhares sem résteas de pena
em tribunas engalanadas
lembrando arenas famosas
dos tempos da Roma antiga
manchadas da dor e sangue
de homens se degladiando
ferindo, morrendo ou matando
p’ra gáudio dos estupores.
“avé césar os que vão morrer te saúdam”
Capas, capotes, cavalos,
toureiros e picadores
gritos, aplausos, tambores...
soa bem alto a corneta
anunciando o começo
do espectáculo mundano.
Ouvem-se olés em delírio
e o lidador empolgado
crava no touro cansado
ferido e ensanguentado
outro par de bandarilhas
com enfeites coloridos
e pontas de tradição.
Tal com César, alguém,
baixa o polegar e então...
crava a adaga o carrasco
numa golpada fatal.
Soam mais alto os aplausos
de gente sem coração...
toca a fanfarra e há vivas
chapeus e lenços pelo ar...
tomba por terra sem vida
um belo e nobre animal.
Enquanto se arrasta o touro
p’la praça municipal;
lançam-se flores inocentes
como trofeus premiando
os pseudo heróis que, ufanos,
desfilam pomposamente
no palco do sacrifício.
Soam mais vivas e palmas
e assim termina o espectáculo
deprimente e obsceno
que certa gente defende
ser nobre e ser cultural.
Albertino Galvão
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