Vem esta carta a propósito das touradas; não são essas que já estão a imaginar, são as outras, as originais, aquelas que se passam dentro de uma arena.
Toda aquela adrenalina ritualista: os touros, os forcados, os bandarilheiros, os toureiros, os cavalos, os aficionados, as vacas, enfim... um mundo de rituais que gira unicamente em torno do sofrimento de um animal: o touro.
Quanto mais sofrimento se inflige ao touro mais empolgante fica o ambiente e mais credibilidade ganha o toureiro, para gáudio dos aficionados. É um cenário de dor, de crueldade, de sofrimento. Mais modernamente chamado de "tradição", "costume", "hábito", etc.
Haverá no ser humano um impulso inconfessável para assistir á dor alheia? Ao sofrimento? Ao sangue derramado?
Um psicólogo explicaria isso melhor, certamente!
O mais curioso é quando se assiste ao início da lide tauromáquica. O toureiro, ou os forcados, benzem-se, fazem o sinal da cruz junto aos lábios e rogam uma prece a Deus. Que pedirão eles a Deus? "Senhor, façai com que me saia bem desta lide, não deixes cair o animal na tentação de me magoar, mas permiti que eu o possa magoar à-vontade". Será alguma coisa deste género?
Mas não saberão eles que os animais também são criaturas de Deus? Ou pensarão eles que nesta luta desigual, entre touro e toureiro, vencerá apenas aquele que roga a Deus?
Na verdade estas tradições populares trazem consigo uma espécie de feudalismo desadequado no tempo, onde outrora, os senhores donos do mundo se refastelavam em assistir ao sofrimento infligido nas arenas a muitos inocentes. E o povo, esse, ia na onda, gritava vivas de alegria, urras, bis... etc.
Felizmente a mentalidade do povo começa a mostrar sinais de negação a estas atrocidades, e actualmente já existem organizações populares que se colocam frontalmente contra estas ditas "tradições". Bem hajam. Os animais agradecem.
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