Show tauromáquico - In A União - Jornal online
Publicado na Terça-Feira, dia 31 de Janeiro de 2012, por Paulo Sousa MendesSer a favor ou contra os espectáculos tauromáquicos é sempre polémico e teremos que reconhecer o direito de manifestação de opinião.
A manifestação de opinião deverá ser fundamentada e livre de falácias, as quais pretendem remeter ao silêncio e à vergonha quem é contra espectáculos tauromáquicos.
Segundo alguns aficionados, alguém que goste de comer um bom bife quase que é obrigado a gostar de touradas e quanto mais mal passado for o bife mais aficionado terá de ser ou não poderá, pelo menos, manifestar a sua opinião anti-tauromáquica, pois se o fizer é logo acusado de ser incongruente, como se o bife que está no prato tivesse de ser produto de um espectáculo público de regozijo pelo sofrimento de um animal.
Uma vez visto numa tourada, nunca poderá ser contra a tauromaquia! Por outro lado, não se podem criticar as touradas, se nunca se assistiu a alguma, pois não se poderá criticar algo que não se conhece. Aliás, é necessário entender de tauromaquia para ter opiniões anti-tauromáquicas válidas, sob pena de ser acusado de ignorância. Seguindo a mesma lógica, se for contra a tortura terá de perceber, e porque não experimentar, as práticas e instrumentos de tortura.
Eu até poderia tentar explicar ou justificar o prazer que alguém tem em ver o sangue a espirrar do lombo de um touro, mas não o vou fazer, pois corro o risco de estar a alimentar a cólera que alimenta o sadismo de quem gosta de enfiar um 'par de varas'.
Gostaria de apreciar a amabilidade dos aficionados que até me fazem o favor de reconhecer que poderei ser contra as touradas, mas fico desgostoso, porque não reconhecem o direito de manifestar as minhas opiniões e muito menos de participar nas tais 'manifs' ridículas, onde tenho oportunidade de arejar o meu lenço da OLP e as minhas 't-shirts' de pessoas com bandarilhas cravadas nas costas.
Se ser marginalizado na comunicação social significa ter secções de jornais inteiramente dedicadas à tauromaquia; primeiras páginas sempre que organizam qualquer 'show' tauromáquico; programas televisivos, e 'cereja no topo de bolo', jornalistas a digladiarem-se para ver quem dá mais importância e espaço às lides tauromáquicas, então gostaria que o movimento anti-tauromáquico fosse marginalizado pela comunicação social!
Suas excelências, defensoras das tradições da nossa terra, os verdadeiros ecologistas e mui cultos aficionados, aspiram por uma comunicação social que lhes dê espaço e que despreze, ignore completamente o contraditório ou, quem sabe, trate o contraditório recorrendo aos vossos ditames oficiais, uma espécie de «lápis azul», ou melhor «farpa azul».
Não tenho, nem poderei ter nada contra a reunião de aficionados, mas terão de reconhecer que poderei, pelo menos, questionar a pertinência dessa reunião ser financiada por dinheiros públicos. Mas, se calhar não terei legitimidade para isso, pois na minha qualidade de terrorista da extrema-esquerda radical, de fundamentalista, chato, etc.. estarei a incomodar uma maioria que defende uma tradição especial, pois ao contrário de outras tradições, a tauromaquia nasceu, nunca evoluiu e nunca morrerá. Aliás, começo a suspeitar que devem ter um 'negócio' privilegiado com a 'morte'. Será uma contrapartida pelo exercício do ofício de carrasco?
A manifestação de opinião deverá ser fundamentada e livre de falácias, as quais pretendem remeter ao silêncio e à vergonha quem é contra espectáculos tauromáquicos.
Segundo alguns aficionados, alguém que goste de comer um bom bife quase que é obrigado a gostar de touradas e quanto mais mal passado for o bife mais aficionado terá de ser ou não poderá, pelo menos, manifestar a sua opinião anti-tauromáquica, pois se o fizer é logo acusado de ser incongruente, como se o bife que está no prato tivesse de ser produto de um espectáculo público de regozijo pelo sofrimento de um animal.
Uma vez visto numa tourada, nunca poderá ser contra a tauromaquia! Por outro lado, não se podem criticar as touradas, se nunca se assistiu a alguma, pois não se poderá criticar algo que não se conhece. Aliás, é necessário entender de tauromaquia para ter opiniões anti-tauromáquicas válidas, sob pena de ser acusado de ignorância. Seguindo a mesma lógica, se for contra a tortura terá de perceber, e porque não experimentar, as práticas e instrumentos de tortura.
Eu até poderia tentar explicar ou justificar o prazer que alguém tem em ver o sangue a espirrar do lombo de um touro, mas não o vou fazer, pois corro o risco de estar a alimentar a cólera que alimenta o sadismo de quem gosta de enfiar um 'par de varas'.
Gostaria de apreciar a amabilidade dos aficionados que até me fazem o favor de reconhecer que poderei ser contra as touradas, mas fico desgostoso, porque não reconhecem o direito de manifestar as minhas opiniões e muito menos de participar nas tais 'manifs' ridículas, onde tenho oportunidade de arejar o meu lenço da OLP e as minhas 't-shirts' de pessoas com bandarilhas cravadas nas costas.
Se ser marginalizado na comunicação social significa ter secções de jornais inteiramente dedicadas à tauromaquia; primeiras páginas sempre que organizam qualquer 'show' tauromáquico; programas televisivos, e 'cereja no topo de bolo', jornalistas a digladiarem-se para ver quem dá mais importância e espaço às lides tauromáquicas, então gostaria que o movimento anti-tauromáquico fosse marginalizado pela comunicação social!
Suas excelências, defensoras das tradições da nossa terra, os verdadeiros ecologistas e mui cultos aficionados, aspiram por uma comunicação social que lhes dê espaço e que despreze, ignore completamente o contraditório ou, quem sabe, trate o contraditório recorrendo aos vossos ditames oficiais, uma espécie de «lápis azul», ou melhor «farpa azul».
Não tenho, nem poderei ter nada contra a reunião de aficionados, mas terão de reconhecer que poderei, pelo menos, questionar a pertinência dessa reunião ser financiada por dinheiros públicos. Mas, se calhar não terei legitimidade para isso, pois na minha qualidade de terrorista da extrema-esquerda radical, de fundamentalista, chato, etc.. estarei a incomodar uma maioria que defende uma tradição especial, pois ao contrário de outras tradições, a tauromaquia nasceu, nunca evoluiu e nunca morrerá. Aliás, começo a suspeitar que devem ter um 'negócio' privilegiado com a 'morte'. Será uma contrapartida pelo exercício do ofício de carrasco?