segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Final da temporada 2014 - Mas qual vida de rei?


A vida de rei dos bovinos destinados às touradas é uma falácia. Entre os 8 e os 14 meses de idade, são separados, para sempre, das suas mães. Nesse mesmo dia, sem qualquer medicação que atenue a dor, são marcados com ferros em brasa, o que, em muitos casos, é também complementado com cortes à navalhada nas orelhas (e sabe-se lá mais onde). Não muito tempo depois de todos estes ferimentos sararem (o que por vezes demora por contraírem infecções), são feridos, vezes sem conta, com uma vara de 2,5 m com um aguilhão na ponta. São obrigados a correr diariamente muitos quilómetros (mesmo que estejam adoentados), e sabe-se lá que mais, para no “grande dia” estarem em boa forma física. No dia do transporte para a praça, o stress que lhes causam é de tal ordem que perdem cerca de 10% de peso....

Mas pronto. Se tiverem muitas cicatrizes, dá-se-lhes uma pintura, que isso disfarça-as (as fotos desta publicação, retiradas de um blogue tauromáquico, não deixam dúvidas sobre este aspecto). Espera-se que ninguém repare o quanto emagreceram e ficaram desidratados nas 48 horas anteriores à tourada. Cortam-se-lhes as pontas dos cornos, provocando-se-lhes, muitas vezes, lesões irreversíveis ou até mesmo a morte, mas isso vai sendo o mais possível abafado. Crava-se-lhes ferro após ferro, embrulhado em papel colorido. Há quem grite uns “olés” e até quem toque música. Há decisores políticos que se estão a marimbar para os que não se podem defender. E depois da última tourada da temporada portuguesa, decorrida no passado Domingo, para o ano há mais!

A “vida de rei” do “número 49” da foto durou até ao abate após a tourada à portuguesa do passado Domingo. Para o ano, outros “reis” serão perfurados com as mesmas bandarilhas/ferros que lhe foram cravadas em público e depois arrancadas à navalhada, ainda em vida, já em privado. Só o papel de enfeite será substituído por outro. Tudo isto é demasiado mau para continuar a ser permitido. Felizmente, há cada vez mais pessoas a insurgirem-se contra a tauromaquia e a abolição desta cruel actividade só pode estar para breve.

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